sábado, 29 de agosto de 2009
O PODER
em te perdoar e te abandonar.
Se tenho tal poder
porque consistes
neste desejo incontrolável
de te maltratar.
Quando te vejo,
não consigo resistir.
E o medo que me imobiliza
também me consome
neste efêmero existir.
Neste contemplar de uma existência
faz rejuvenescer esta pobre alma
que sonha deste cativeiro transgredir.
já não caminho na inocência
de um puro coração.
Pois o poder e a violência
já dissiparam um consumir inóspito
pela minha consciência.
Tuas cinzas afugentadas
e gélidas esgotam-se nos escombros
e desassombros de uma juventude
outrora aguçada.
Dissipou-se como fumaça
o poder culpável
Do extermínio banindo,
um a um cada ser imutável,
dando lugar aos pombos
em nossas praças,
proclamando a paz e a justiça
para todas as raças.
Mas no apagar das luzes
a paz tão desejada não foi encontrada
nos sepulcros caiados da arrogância,
onde clamava a voz da clemência
por uma simples fenda de esperança.
O TEMPO
Quero olhar de frente para ti
Já não me importa
Que tua alma se
Desfaça na insensatez
Da minha ruína.
Quero olhar-te
Mesmo quando passas
E já restam apenas as sombras.
Quero deixar que meu olhar
Possa querer te seguir
por onde fores
Mesmo que em caminhos
Como o perambular
Das folhas do outono.
Quero estar entre os trilhos de pedras
Que vives a escamotear
em minúsculas pegadas
Que como teu viver,
também tentas te esconder.
Quero me fazer presente
Em cada medida deste tempo,
Onde só eu detenho este poder
De te fazer parar no meu momento.
Quero ser eu mesma mediante
Esta presença em
todos os teus passantes
E viver este desejo de me conquistar.
Pois está em mim o que determino
O começar e o que parar
Para enfim um dia poder dizer
Como foi bom ter ao meu lado
Este tempo que emergiu
e depois partiu.
OH! SAUDADE
OH! SAUDADE
Oh! Saudades!
Como te apresentantes
Em minha vida sem pedir licença
E fostes integrando-se no meu mundo
Pelas vias que deixei sem reservas.
Oh! Saudades!
Como podes me acusar
De viver em lamúrias
Sem querer mudar,
Nem criar novas alternativas
Para as velhas feridas,
sem deixar cicatrizar.
Oh! Saudades!
Como queres me julgar, se bem sabes
Como é imensa a minha dor
Mesmo sabendo, que sou apenas
Um fatigante ilustrador.
Oh! Saudades!
Com o tempo
Que juntas passamos
Já posso ver melhor
O que perdi e já não consigo recriar
Nem inventar,
Mas compreendi
Todas as formas de te sentir.
Oh! saudade!
Velha amiga
Já não te desejo mal,
Pois nesta vida finita, representas o fogo
Que precisa da lenha,
Para juntas na lareira,
Continuarmos sendo, as mesmas companheiras.
ENCONTRANDO O AMOR
pois tua alegria já não persisti.
Minha face que era bela e jovem
não mais inspira prazer.
Tua paixão que me movia
na certeza de ser somente tua um dia.
Deixou-se ficar só,
no medo que venceu tudo que poderia.
Meus desejos são intensos
e os pensamentos te confesso
qual grande é este teu pertenço.
Todo meu ser te deseja ver,
teu cheiro, teu prazer,
teu existir me farão prosseguir
com toda a força e clareza
que o puro e verdadeiro amor
pode um dia me seduzir.
Margarete Vill
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
MINHA MENTE
e permito que me trucide
cada parte desta bagunça
para ressurgir do mais íntimo
aquele que é, e que tudo sente.
Em detrimento
dos tempos encantados ,
só posso persistir naquilo
que minha mente,
mesmo no caos, ainda consente.
Ao elaborar o suporte
para a fuga incipiente
consumo cada resto
de massa pensante
que ainda resguarda minha mente
Me rendo, e já não me
defendo, pois a conjuntura
que se apresenta é passageira
deixo então, filtrar cada emoção
e uma a uma deixar sair
como bojo, na explosão
da minha arrogante armadura
que existiu
com apenas uma necessidade
resgatar o que sobrou
de toda aquela premente ruptura.
(Margarete Vill de Souza)
APENAS UM CORAÇÃO
De tanto rastejar e tropeçar
Deixei em frangalhos meu coração.
Quando apontou uma brisa
que acenou a luz
Na imensa escuridão,
Não compreendi, que força era aquela
Que tentava me conduzir.
Naquele momento, a dor
Foi meu tormento
O despertar para um novo olhar
Seria a premissa necessária
a que se voltar.
Olhei pela vez primeira
Para o azul do céu,
Mesmo estando ainda
na minha trincheira.
O olhar se firmou,
Na imensidão, encontrei tanta compreensão.
A dor se findou e nova cor desabrochou
Naquele coração, que só amor,
pela vida toda desejou.
(Margarete Vill de Souza)